Não jogue os sentimentos Para de Baixo do Tapete!

Muitas vezes ouvimos frases como: “Engole o choro”, “Não fica assim”, “Você não deveria se sentir assim”. Essas mensagens passam a ideia de que sentir é errado e que deveríamos ter controle total sobre nossos sentimentos. Mas será que isso é possível?

Na Análise do Comportamento, entendemos que as emoções são respostas naturais que fazem parte da vida. O problema é que, quando tentamos controlar ou evitar o que sentimos, o efeito costuma ser o oposto: quanto mais lutamos contra um sentimento, mais ele cresce e ocupa espaço na nossa vida. É como estar preso em areia movediça — quanto mais tentamos nos debater para sair, mais afundamos.

Essa luta constante contra as próprias emoções gera um ciclo de exaustão. Ao tentar não sentir tristeza, medo ou raiva, acabamos também nos afastando da alegria, da motivação e do entusiasmo. Isso acontece porque não conseguimos selecionar quais sentimentos teremos. Essa desconexão, a longo prazo, pode levar a estados de apatia e até mesmo contribuir para o desenvolvimento de quadros depressivos.

Outro ponto importante é que evitar emoções não elimina os problemas do ambiente. Muitas vezes, a tristeza ou a ansiedade são sinais de que algo precisa de atenção. Se ignoramos esses sinais, é como desligar o alarme de incêndio sem apagar o fogo. O sofrimento tende a se intensificar, justamente porque não olhamos para aquilo que precisa ser transformado.

Além disso, quando reprimimos sentimentos, perdemos oportunidades de praticar habilidades sociais importantes, como pedir ajuda, colocar limites ou expressar necessidades. A ausência dessas habilidades pode nos isolar e gerar ainda mais sofrimento, já que passamos a lidar sozinhos com experiências que poderiam ser compartilhadas e acolhidas em nossas relações.

É importante lembrar: não temos controle direto sobre o que sentimos, mas temos algum grau de escolha sobre como reagimos. Podemos agir impulsivamente, tentando sufocar a emoção, ou podemos aprender a criar espaço para ela, reconhecendo que sentir faz parte da experiência humana. Essa mudança abre caminho para que nossas ações sejam guiadas pelos nossos valores, e não apenas pelas emoções do momento.

Por isso, acolher os sentimentos não significa se entregar a eles, mas mudar a forma de se relacionar com o que sentimos. É possível aprender a observar emoções com mais curiosidade e menos julgamento, abrindo espaço para agir de acordo com o que realmente importa para nós, em vez de viver preso na tentativa de controlar o incontrolável.